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Relatório SOFI 2025 destaca saída do Brasil do Mapa da Fome como reflexo de políticas públicas alimentares

Atualizado: 1 de ago.

País está abaixo do limite aceitável de 2,5% da população em situação de insegurança alimentar


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O Brasil está oficialmente fora do Mapa da Fome, segundo o relatório Estado da Segurança Alimentar e da Nutrição no Mundo (SOFI) 2025, divulgado nesta segunda-feira (28) pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO). O país tinha alcançado esse patamar em 2014, mas havia retornado ao Mapa em 2018. Os dados foram apresentados durante a Cúpula da ONU sobre Sistemas Alimentares (UNFSS+4), realizada em Adis Abeba, na Etiópia.


Publicado anualmente pelas agências da ONU, o relatório monitora o progresso global em direção ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 2 (Fome Zero e Agricultura Sustentável) O documento avalia indicadores como subalimentação e insegurança alimentar grave e moderada, utilizados para compor o chamado Mapa da Fome. De acordo com o relatório, o Brasil está abaixo do limite aceitável de 2,5% da população em risco de subnutrição ou insegurança alimentar, o que deixa o país fora do mapa. O levantamento é baseado na média trienal dos anos de 2022, 2023 e 2024.


A saída do Brasil do Mapa da Fome é resultado direto do fortalecimento de políticas públicas alimentares que atuam de forma sistêmica, como o apoio à agricultura familiar, a ampliação da alimentação escolar e o acesso a uma alimentação saudável. Entre as principais ações estão o Plano Brasil Sem Fome, que articula programas como o Bolsa Família, o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), as Cozinhas Solidárias e o incremento da alimentação escolar, além de crédito para a agricultura familiar.


Para Juliana Tângari, é gratificante tomar conhecimento de que o número de pessoas em situação de subnutrição no país foi reduzido a ponto de retirar o país do Mapa da Fome. Ela ressalta, ainda, a importância de o estudo ter trazido como foco a relação entre a inflação de alimentos e a capacidade de acesso da população a uma alimentação adequada. “Há alguns anos, a FAO vem monitorando o custo médio de acesso da população a uma alimentação saudável no mundo. É impressionante ver que na América do Sul a gente ainda tenha um valor maior que a média global no acesso a esse direito, o que exclui milhões de pessoas de uma alimentação saudável. E isso se relaciona muito com que a gente pode chamar de um ressurgimento do conceito de soberania alimentar”, avalia.


Desigualdades ainda persistem


Apesar da melhora nos indicadores internacionais, os dados do relatório SOFI 2025 mostram que a insegurança alimentar ainda atinge milhões de brasileiros. Segundo a FAO, mesmo que a taxa de subnutrição tenha caído para menos de 2,5%, marco que retirou o país do Mapa da Fome, 3,4% da população, ou seja, mais de 7 milhões de pessoas, ainda vivem em situação de insegurança alimentar grave, ou seja, convivem com a fome cotidiana e a incerteza sobre a próxima refeição.


A insegurança alimentar moderada ainda afeta 13,5% da população brasileira, o equivalente a cerca de 29 milhões de pessoas que têm acesso instável à alimentação ou vivem sob risco constante de fome. 


Os dados de fome no SOFI são medidos a partir de dois indicadores: o PoU e o FIES. PoU é o acrônimo para “Prevalence of Undernourishment”, que pode ser traduzido para “Prevalência da Sub-nutrição”. É um indicador indireto da fome e bastante complexo, que considera uma série de variáveis e dados nacionais, calculados considerando um período de 3 anos e que mede a estimativa de pessoas que não conseguem se alimentar adequadamente. Já o FIES, “Food Insecurity Experience Scale”, é traduzido como “Escala de Insegurança Alimentar” e se trata de uma medida baseada na percepção da insegurança alimentar familiar ou individual, permitindo recortes de insegurança alimentar grave e moderada.


LUPPA reconhecido em publicação da FAO


Em 2025, o LUPPA foi reconhecido pela FAO como uma das iniciativas com impacto sistêmico na transformação dos sistemas alimentares na publicação “Transforming Food and Agriculture through a Systems Approach”, que reúne experiências alinhadas à abordagem sistêmica recomendada pela ONU para enfrentar os desafios da insegurança alimentar e da crise climática. A publicação ressalta o caráter colaborativo e multissetorial do LUPPA, bem como sua contribuição para o fortalecimento de políticas alimentares urbanas no Brasil.


Esse reconhecimento antecedeu o lançamento do relatório SOFI 2025 e reforça a importância de estratégias locais integradas para a transformação dos sistemas alimentares. Ao destacar o LUPPA como exemplo de ação concreta em nível municipal, a FAO aponta a relevância das cidades na construção de soluções sustentáveis e no avanço rumo aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, em especial o ODS 2 (Fome Zero e Agricultura Sustentável). 


Em 2023, o SOFI já havia citado o LUPPA - Laboratório de Políticas Públicas Alimentares Urbanas -  como referência internacional, ao classificá-lo como um “food lab” (laboratórios alimentares voltados à construção de soluções para o ODS 2: Fome Zero e Agricultura Sustentável) com impacto na transformação dos sistemas alimentares urbanos e periurbanos. 


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