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De mãos dadas com os territórios, a Estratégia Alimenta Cidades semeia o direito à comida de verdade



Desde novembro de 2024, a Estratégia Alimenta Cidades tem percorrido o Brasil em um movimento que aproxima territórios, escuta saberes locais e fortalece a construção coletiva de políticas públicas voltadas à segurança e à soberania alimentar. Até o fim de maio, foram realizadas 57 oficinas em municípios de todas as regiões do país. Em cada parada, os encontros revelaram a potência dos vínculos locais e a urgência de garantir, para todos, o direito à alimentação como um direito humano inegociável.


Governos locais, organizações da sociedade civil, agricultores, educadores, lideranças comunitárias e conselhos se reuniram com um objetivo comum: assegurar comida de verdade no prato das populações mais vulnerabilizadas. Em cada oficina, os encontros foram muito além de debates técnicos. Tornaram-se espaços de escuta qualificada, articulação intersetorial e fortalecimento de laços entre saberes tradicionais e políticas públicas. As atividades respeitaram os ritmos e práticas enraizadas nos territórios, e trouxeram à tona o alimento como algo maior que nutrição: um símbolo de cultura, memória, afeto e resistência. Sob essa perspectiva, garantir comida é também garantir justiça, autonomia e dignidade.


Em São José dos Campos, interior de São Paulo, a oficina reuniu lideranças da sociedade civil, técnicos de diferentes secretarias e representantes de conselhos e movimentos. Para a secretária adjunta de Apoio Social ao Cidadão, Renata Paiva, a Estratégia Alimenta Cidades chega para potencializar o que já vinha sendo construído, mas também para abrir novas frentes de ação. Ela lembra que o município já aderiu à Estratégia em 2024 e conta com o Conselho de Segurança Alimentar ativo, mas reforça a importância de manter o movimento vivo. “Nos reunimos com toda a nossa rede para discutir junto com a sociedade civil e com lideranças de vários segmentos a importância da Estratégia. Sabemos o quanto é valioso o aporte técnico que o SISAN, o CAISAN e o Comida do Amanhã têm nos oferecido. Isso nos ajuda a avançar na construção de políticas públicas integradas e eficazes, especialmente para garantir o acesso à alimentação nas áreas mais vulneráveis”, afirmou.


A vivência nos territórios deixou claro que enfrentar a fome exige mais do que a entrega de refeições. É preciso cultivar hortas urbanas, promover o reaproveitamento de alimentos, conectar pequenos produtores a quem precisa comer e, acima de tudo, ouvir com atenção e sensibilidade. Porque é a partir do diálogo com as realidades muitas vezes invisibilizadas que se identifica onde, como e com quem agir.


Em Vitória da Conquista, na Bahia, a coordenadora de Segurança Alimentar e Nutricional, Carine Barros, destaca a importância das contribuições técnicas e metodológicas para o fortalecimento das ações no município. “Coordenamos equipamentos como o restaurante popular, quatro hortas comunitárias e diversos programas de aquisição de alimentos, inclusive voltados para comunidades quilombolas. Foi uma satisfação receber a equipe do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) e do Comida do Amanhã. As orientações a partir do diagnóstico sobre insegurança alimentar foram essenciais para pensarmos estratégias reais de enfrentamento.”, diz.


As oficinas mostraram que, embora os desafios sejam grandes, os caminhos também existem e estão sendo construídos a partir da escuta ativa, da valorização dos saberes locais e da articulação entre poder público, sociedade civil e movimentos sociais. Cada território revelou sua força, apontou prioridades e reafirmou que garantir o direito humano à alimentação exige vontade política, integração entre áreas e o protagonismo das comunidades.


O QUE VEM AGORA?


O que se constrói neste momento é uma etapa essencial: transformar toda a escuta territorial em ações e caminhos possíveis. Cada município participante está desenhando sua rota de implementação, um plano orientador com base em sua realidade, seus desafios e suas potencialidades. Essas rotas vão nortear a consolidação de políticas públicas locais e intersetoriais, com foco em acesso à comida de verdade, fortalecimento da agricultura familiar, promoção da educação alimentar, combate às desigualdades e valorização da cultura alimentar dos territórios.


As rotas não são modelos prontos, mas construções coletivas. Elas partem das trocas sinceras e do reconhecimento de que ninguém conhece melhor o território do que quem o vive. A força dessa construção está justamente no modo como os municípios se apropriam das propostas, reinterpretam diretrizes e transformam ideias em ação. bússolas para transformar os aprendizados em políticas públicas duradouras, construídas a muitas mãos e de baixo pra cima.


O PAPEL DO INSTITUTO COMIDA DO AMANHÃ


O Instituto Comida do Amanhã, como um dos parceiros implementadores da Estratégia, tem desempenhado um papel central nesse processo. A organização contribui com análises técnicas, promove debates e apoia a formulação de diretrizes para a segurança alimentar nos municípios participantes. Sua atuação reforça a importância de um olhar sistêmico sobre a alimentação, considerando não apenas a oferta de alimentos, mas também questões sociais, ambientais e econômicas que impactam o acesso à comida de qualidade.


Até o momento, as oficinas presenciais consolidaram diagnósticos em 57 cidades brasileiras, e a expectativa é ampliar ainda mais esse alcance em 2025. Além disso, os municípios que aderiram à Estratégia Alimenta Cidades seguem recebendo suporte técnico por meio de reuniões remotas, garantindo o acompanhamento contínuo das ações.

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