
A estratégia iniciou 2025 com encontros presenciais no Pará, Pernambuco e São Paulo. Com o propósito de transformar a segurança alimentar no Brasil, a Estratégia Alimenta Cidades está promovendo uma série de oficinas presenciais em diferentes municípios do país. As oficinas reúnem representantes do poder público, sociedade civil e lideranças locais para ampliar o alcance e a eficácia das políticas de segurança alimentar e nutricional.
O ano de 2025 começou com encontros estratégicos no Pará, Pernambuco e São Paulo. As iniciativas aprofundaram diagnósticos locais, definiram prioridades e impulsionaram soluções inovadoras e sustentáveis para garantir o acesso a alimentos saudáveis, fortalecer a agricultura familiar e combater a fome de forma estruturada e sustentável.
O primeiro encontro do ano ocorreu nos dias 20 e 21 de janeiro em Ananindeua, Pará, organizado pela Secretaria Municipal de Pesca e Agricultura (SEMUPA) com apoio da Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Sesan/MDS) e do Instituto Comida do Amanhã. Entre os principais temas abordados, destacou-se a importância da intersetorialidade entre diferentes áreas do governo e o engajamento das instituições locais para enfrentar desafios alimentares do município. Ananindeua conta com 14 cozinhas solidárias, cinco delas habilitadas pelo edital do MDS, desempenhando um papel essencial no combate à fome e no incentivo à agricultura familiar, por meio de iniciativas como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).
Dentre os projetos apresentados, destacou-se a Cozinha Popular Solidária Mãos de Mulheres, do Movimento Camponês Popular, que atende cerca de 250 beneficiários diariamente e promove rodas de conversa sobre insegurança alimentar e protagonismo feminino. Também foi mencionada a experiência da Escola Professora Aríete de Oliveira da Silva Leitão, que implantou um Quintal Pedagógico para integrar a educação alimentar ao cotidiano dos alunos. No âmbito rural, iniciativas como a Unidade Demonstrativa de Criação de Peixes e Aviário na região periurbana de Curuçamba e o trabalho da Associação de Agricultores da Gleba Guajará foram citadas como exemplos de sustentabilidade e fortalecimento da economia local.
A agenda seguiu para Caruaru, Pernambuco, nos dias 30 e 31 de janeiro, onde foram debatidas propostas para aprimorar programas como o PNAE e o PAA, fundamentais para a produção agrícola familiar e o acesso a alimentos saudáveis. Durante as oficinas, uma visita à Central de Abastecimento Municipal (CEACA) e ao quintal agroflorestal da comunidade de Peladas trouxe à tona iniciativas que unem comercialização local, redução do desperdício e práticas agroecológicas. Com apoio do MDS, Caruaru também recebeu investimentos para expandir sua Cozinha Solidária e modernizar o banco de alimentos, reforçando o compromisso com a distribuição e reaproveitamento de alimentos.
No início de fevereiro, os encontros presenciais ocorreram em Sorocaba e Campinas, São Paulo. Em Sorocaba, nos dias 3 e 4, gestores e lideranças da sociedade civil reforçaram a importância da reativação do Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA) e a adesão ao Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (SISAN).
O município também avança na construção de seu Plano Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional, com foco na ampliação das políticas públicas para alimentação saudável e combate à fome. Iniciativas como o fortalecimento do Banco de Alimentos de Sorocaba (BAS) e o programa Cidadania à Mesa, que concede cartões de alimentação a famílias em situação de vulnerabilidade, foram destacadas.
Nos dias 5 e 6 de fevereiro, Campinas sediou uma oficina no Salão Vermelho do Paço Municipal, reforçando o compromisso da cidade com a segurança alimentar em áreas como saúde, educação e abastecimento.
Campinas se destaca por iniciativas como o programa Campinas Solidária e Sustentável, que incentiva a agricultura urbana e amplia o acesso a alimentos frescos e in natura. Além disso, a cidade mantém um forte apoio à agricultura familiar por meio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), beneficiando 120 instituições. O município também abriga 85 feiras livres — sendo oito especializadas em produtos orgânicos ou agroecológicos — e 19 hortas em unidades de saúde.
A gerente de projetos do Instituto Comida do Amanhã, Elizabeth Affonso, ressaltou a importância do desenvolvimento do diagnóstico realizado pela gestão pública com a participação da sociedade civil : “Não há maneira mais eficaz de tomar decisões do que com base em dados concretos e um diagnóstico bem elaborado.”
Ela também ressaltou que as oficinas presenciais têm sido espaços fundamentais para integração, fortalecimento da intersetorialidade e promoção de debates construtivos que contribuem para o aprimoramento das políticas públicas. “Esses encontros permitem um olhar estratégico sobre os desafios e oportunidades, gerando insumos valiosos para o planejamento das gestões municipais.”
Próximos passos
Dando continuidade às ações para fortalecer a segurança alimentar nos municípios, novas oficinas presenciais estão programadas para fevereiro em diversas cidades do país. Os próximos encontros acontecerão em Olinda (PE), Jaboatão dos Guararapes (PE), Londrina (PR), Maringá (PR), Petrolina (PE), Palmas (TO), Porto Alegre (RS), Caxias do Sul (RS) e Belo Horizonte (MG). Essas reuniões serão momentos estratégicos para aprofundar o diagnóstico local, promover a troca de experiências e consolidar políticas públicas voltadas à alimentação saudável e sustentável.
O papel do Instituto Comida do Amanhã
O Instituto Comida do Amanhã, como um dos parceiros implementadores da Estratégia, tem desempenhado um papel central nesse processo. A organização contribui com análises técnicas, promove debates e apoia a formulação de diretrizes para a segurança alimentar nos municípios participantes. Sua atuação reforça a importância de um olhar sistêmico sobre a alimentação, considerando não apenas a oferta de alimentos, mas também questões sociais, ambientais e econômicas que impactam o acesso à comida de qualidade.
Até o momento, as oficinas presenciais consolidaram diagnósticos em onze cidades brasileiras, mas a expectativa é ampliar ainda mais esse alcance em 2025. Além disso, as 60 cidades participantes da Estratégia seguem recebendo suporte técnico por meio de reuniões remotas, garantindo o acompanhamento contínuo das ações.
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